sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Prelúdio Paolo Speglio

Qual vai ser o resultado da nossa investida? Deixe-me ver a espuma da sua cerveja para responder...

Paolo Speglio tem lembranças claras e precisas da vida que levava antes de ter sido seqüestrado. Lembra do seu nome e sobrenome (Alberto de Araújo), lembra da sua família (pai, mãe e uma irmã mais nova), lembra da idade que tinha (20 anos) e da faculdade que cursava (ciências da computação). Provavelmente, foi por conta desse último fator que ele foi seqüestrado.

Uma bruxa louca de Arcádia levou-o para ser seu espelho mágico. A vida de Speglio no Reino das Fadas se resumia a viver trancafiado numa sala toda de vidro, onde uma das paredes dava pro reflexo do espelho. Diariamente, ele via a bruxa aparecer e perguntar para ele absurdos como quem era a mulher mais bela, qual o resultado do jogo de ontem, quando o sol se poria para sempre. E, por conta da magia que o imbuía, ele sempre acertava a resposta.

Depois de anos de cárcere privado, Speglio escapou. Conseguiu finalmente quebrar a cela onde estava aprisionado. Sangrando, cheio de cortes nos braços e no rosto, com cacos de espelho por todo o corpo, ele se enfiou no Espinheiro e retornou para a Terra.

Chegando de volta, ele saiu no Quilombo da Madalena. Foi bem recebido e acolhido, e viu a desgraça de sua vida. Embora não tivesse envelhecido um dia sequer em todos os anos preso no espelho, no mundo à sua volta trinta anos haviam se passado. Os computadores agora tinham monitores coloridos, os disquetes estavam superados e uma rede de alcance global não era mais uma utopia. De quebra, seus pais já deviam ser dois velhinhos...

Dois dias trancado no quilombo, lendo revistas e acessando a internet, fizeram com que Speglio se pusesse a par de tudo que aconteceu no planeta desde que ele fora raptado. Já mais à vontade com esse novo mundo, desceu até Santos, onde morava, na tentativa (fracassada) de reencontrar seus pais, sua irmã e sua vida. Ao invés disso, fez amizade com dois outros changelings. Ele ainda tem esperanças de reatar laços com a família perdida, mas se pensar racionalmente por um minuto que seja, concluirá que sua vida pregressa parece irrevogavelmente perdida.
Speglio aparenta no máximo vinte anos. É magro, nerd e levemente paranóico. Por conta da sua função em Arcádia, ele desenvolveu um talento para ler o futuro e uma obsessão por quebrar vidros e espelhos. Seu semblante feérico é cheio de cicatrizes de cortes, e há cacos de espelho presos nos braços e nas costas. Mesmo na forma humana, seus olhos parecem ter sido cortados. Por conta disso, ele está sempre de óculos escuros, o que faz algumas pessoas pensarem que ele é cego.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Glamour

O Glamour é energia. Energia derivada dos sonhos e emoções dos Mortais, com a qual os Changelings e as Fadas podem realizar milagres.

Para os Changeling o Glamour é algo real e paupável. É possível sentir o calor da fúria ou da paixão, assim como as luzes da euforia são visíveis.

domingo, 3 de agosto de 2008

Preludio Braddy

Nascido em nova york no bronks, cresceu entre a galera barra-pesada, passou a infancia sendo aviãozinho de traficantes ate na adolescencia arranjar emprego numa lanchonete que servia de fachada pra uma operação de lavagem de dinheiro e investimentos ilegais, aprendeu muito sobre operações financeiras e todo o tipo de tramas legais e ilegais sobre como fazer dinheiro, mas os riscos eram maiores do que as recompensas. E voltar a traficar nas ruas estava fora de cogitação; era necessario algo que desse rendimentos maiores, e uma vida mais tranquila, algo que alimentasse aquela sede daquele garotinho magricela que ficava na frente dos teatros chiques sentado na guia, vendos os carrões e ouvindo ao longe os finos concertos.

Com todo o conhecimento e contatos adquiridos era facil usar o mercado financeiro para usar a maquina a seu favor... Mas nem tudo são flores... e um dia o mesmo mercado que tanto favoreceu agiu contra...Talvez fosse mais facil não ser tão ganancioso, talvez fosse mais facil tentar não dar um passo maior que a perna... Queriam a sua cabeça numa bandeja.

Por um triz os peixes do fundo do rio não ganharam uma sobremesa extra. O fio da navalha passou perto. Mas os caras estavam na bota e ficariam atras, caçariam ate o fim... Foi necessario um alto investimento para sumir, para uma identidade nova, novos documentos, uma vida nova em outro outro lugar totalmente distante e inospito, o ultimo lugar onde os caras iriam atras de uma divida impagavel. Algo que ninguem disconfiaria, algo onde as pessoas o aceitassem e o valorizassem e não vissem o seu passado. Um lugar onde as leis fossem mais abertas e fosse permitido sumir no meio da multidão. Um lugar onde os prazeres da carne falassem mais alto do que cifras e dividas do passado. Depois de muito fugir pela terra do Tio Sam, num boteco de quinta categoria em Miami conheceu um jovem playboy que lhe fez uma proposta interessante.

No auge da bebedeira nos braços de uma prostituta porto-riquenha, conheceu Pietro, que lhe falou de uma Neverland, de um paraiso chamado Brasil onde todos os problemas se resolvem. Envolto em tequilas do puteiro mexicano e das prostitutas porto-riquenhas foi facil se tornarem grandes amigos e seguindo o conselho do poeta que uma vez disse que quem naum tem nada naum tem nada a perder, era hora de deixar a vida para tras, e começar de novo, era hora de esquecer tudo o que houve no passado e levar na bagagem para a terra das mulatas e do samba o novo amigo, uma vida totalmente nova e a lição de que da proxima vez a ganancia deve se limitar ao tamanho dos passos que a perna é capaz de dar.

sábado, 2 de agosto de 2008

Saul Kobayashi Viana


Eu e meu irmão crescemos no circo.

“Os gêmeos acrobatas”, era como nos chamavam. Todos apreciavam nosso show, tínhamos um sicronismo perfeito eu e Davi. Alguns dizem que um podia saber o que o outro pensava; e nós adquirimos a habilidade de terminar a fala que o outro começava. Nós faziamos um numero na corda bamba, a adrenalina de cada movimento fica registrada na memória sabe? Crescemos assim, nesse mundo mágico do circo, cheio de mistérios, glamour e discórdia.

Mamãe era contorcionista, uma oriental linda, com cabelos compridos, lisos e pretos. Ela estava sempre a cantarolar músicas tristes, mas tão bonitas… Seu nome era Clara, mas no circo virou Clarinha. Mamãe só era Clara em casa; era assim que papai a chamava e ela sempre lhe atendia com um sorriso.

Papai era um homem forte e austero, um tanto reservado, mas de bom coração. Não gostava de jogar conversa fora com os outros circenses,, mas tratava a todos com muito respeito. Domador de feras com excelência, papai se entendia com os animais, não sei dizer bem… Era assim com seu Rubens, me parece que eles se comunicavam de verdade, ele dava uma ordem a um de seus animais e este obedecia… Isso sempre me encantou, mas as crianças se encantam com tudo.

Então nós crescemos, o tempo nos mostrou que a magia do circo não era tão apreciada como antigamente. E eu não queria mais fazer parte daque mundo; ele se tornara pequeno demais para mim. Discuti com meus pais quando tinha dezessete anos, eu queria ter um emprego normal, uma casa normal, com uma vida normal.

E tive.

Comecei a trabalhar como office-boy num escritório pequeno, e as coisas mudaram na minha vidaTerminei os estudos e fiz alguns cursos, arrumei minha casa, fiz inimigos, conhci gente nova, amores a amigos e estava feliz com minhas escolhas.

Um dia a família veio me visitar. Estavam indo para o interior, mas antes de partir trouxeram a mim uma carta, Eles receberam um convite para uma festa de um antigo conhecido. Mamãe pediu para que eu representasse minha família na bodas de ouro do senhor Fellini. Eu lembrava vagamente de “seu Augusto”, como era chamado pelos anões do circo, era um senhor endinheirado que, quando ia ao circo, gostava de mostrar os bastidores ao filho pequeno. Eu arriscaria dizer que tinhamos a mesma idade, nós e o garoto. Não sei bem qual era a relação do dono do circo com aquele senhor, tampouco as de minha família para com ele, mas mamãe estava ali em casa, pedindo para que eu fosse a uma festa de luxo, e é claro que aceitei…

sábado, 5 de julho de 2008

Os Perdidos

Atravessar a parede de espinhos que separa a Sebe do mundo mortal pode ser terrível, tanto fisicamente quanto piscologicamente.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Junina - A Corte de Cobre

JUNINA

a Flâmula de Retalhos, a Corte de Cobre, a Corte do Encantamento

Algumas histórias não só merecem, mas precisam ser contadas. Os membros da Corte Junina sabem por experiência própria que, mais do que fonte de divertimento ou de identidade cultural, os mitos e lendas são na verdade poderosos alertas contra as Fadas, interpretados pelas limitadas mentes humanas e modificados a cada geração. Num mundo cinza que a cada dia abandona o conhecimento de seus antepassados, a Corte de Cobre tomou para si o dever de redescobrir e espalhar para o mundo esses contos, de forma a preparar a humanidade e seus semelhantes da ameaça de seus opressores. 
Reza a lenda que o fundador da Corte de Retalhos, Zé Lorota, certa vez encontrou em suas andanças uma jovem sem memória. Zé conhecia muitas histórias(inventadas ou não), mas nenhuma delas era a da donzela. Os dois partiram em uma jornada por Arcádia e além em busca dessa história perdida, tendo passado por muitos reinos e conhecido muitos povos. Após muitas aventuras, Zé descobriu que sua companheira era na verdade Junina, a Guardiã dos Contos de Arcádia. Junina sabia as histórias de todas as criaturas e objetos do Reino das Fadas, mas ela mesma não tinha nenhuma para si. Seu amigo bardo então criou uma história só para ela, e Junina a achou a mais bela que já tinha ouvido. Como gesto de gratidão, o poderoso espírito compartilhou todo seu conhecimento com Zé, que por sua vez decidiu espalha-lo pelo mundo. Ou ao menos é assim que contam a história...  
Para um espectador desavisado, as festas juninas são pouco mais do que eventos pitorescos e provincianos. A Corte de Encantamento, no entanto, sabe que verdades muito mais profundas se escondem por trás das festividades de junho. Originadas das festas do solstício de verão na Grécia Antiga em homenagem à deusa Hera (ou Juno), as festas juninas atravessaram os séculos, incorporando em seu seio diversas expressões, costumes e lendas de diversos povos, como as manifestações religiosas cristãs, as quadrilhas francesas e os fogos chineses. É nesses eventos de profundo sincretismo que, em meio às danças típicas e as histórias contadas ao pé da fogueira, importantes verdades, algumas tão antigas quanto as primeiras civilizações, são transmitidas.
A Flâmula de Retalhos sabe que o principal trunfo das Fadas é que os homens cada vez menos se lembram de quem elas são. Mesmos os changelings, traumatizados pela sua fuga de Arcádia, têm recordações apenas esparsas e imprecisas sobre seus antigos senhores. A Corte do Encantamento busca reunir todos os changelings sobre uma única bandeira, para que juntos eles possam compartilhar seus conhecimentos e enfrentar seus antigos mestres. Eles reconhecem que essa é uma tarefa árdua, pois os changelings são tão diferentes entre si quanto o número de estrelas no céu. Mas a Corte de Retalhos enxerga força nessa diversidade.

Encantamento

Admiração. Deslumbramento. Fascinação. Muitas pessoas não sabem explicar porque certas memórias de infância são tão expressivas e poderosas: a primeira bolha de sabão, a sensação de voar ao pular em uma cama, as luzes de um fogo de artifício tomando o céu estrelado. Se por um lado, os membros da Flâmula de Retalhos culpam-se por não terem prestado atenção nas histórias de seus pais e avós, por outro eles acham que talvez seus antepassados não tenham sido suficientemente cativantes. Mesmo nos dias sombrios de hoje, há poderosas fontes de espanto, pavor e beleza, desde que o observador tenha a devida atenção. Os membros da Corte de Cobre anseiam por instilar nos homens aquele sentimento pré-racional que toma conta daqueles que se entregam a admirar o belo, mágico e terrível mundo que se esconde por trás do cinzento manto da realidade. Eles acreditam que sua mensagem só poderá manter-se viva e flagrante na memória dos homens se transmitida da forma correta, de forma a fazer nascer esse sentimento mágico e hipnotizante.

Cortesões

A Flâmula de Retalhos orgulha-se de ter suas portas abertas para todos os tipos de changelings, independentemente de seus valores. Cada novo membro que se junta à suas fileiras traz consigo informações e experiências que podem ser compartilhadas pelos demais. A despeito disso, é certo que muitos reúnem certas características comuns: tolerância, curiosidade, sagacidade e criatividade. Dotados de uma predileção por ouvir e narrar aventuras e contos, os membros da Corte do Encantamento em geral são articulados oradores e contadores de histórias. Esses bardos da idade contemporânea lutam para trazer de volta a magia da infância em mundo de trevas. Outros membros da Corte Junina dedicam-se a transmitir seus conhecimentos por meio de outras formas de expressão, como a música, a pintura e a escrita. Não é à toa que há muitos bardos com talento para as mais variadas artes. 
Enganam-se aqueles que, no entanto, acreditam que a Corte de Cobre está desarmada. Muitos bardos optam por serem protagonistas, ao invés de meros narradores das aventuras alheias, passando assim a acompanhar motleys em terrenos desconhecidos, participando ativamente de suas batalhas e narrando os feitos de seus companheiros para os demais changelings. Outros ainda partem em jornadas épicas para desvendar mistérios ou enfrentar inimigos que desafiam as Cidades Livres. 

domingo, 22 de junho de 2008

Em algum lugar de Arcadia...

- Noite de mer#@, devia ter ficado no meu canto, agora to alucinando junto com aquele viadinho...

- Só pode ser isso...

- Claro faz sentido, eles me doparam enquanto me seguravam, eu vou dar meia volta e caminhar na direção de onde eu vim e tudo vai acabar bem...

...

- Isso é ridículo, já estou andando a um tempão, e nada acontece...

- E esse maldito cheiro que me persegue, é nojento, nem aqueles cemitérios de quinta onde eu filmava eram tão fedidos, para piorar tem essa escuridão, não enxergo nada, já caí e levantei dúzias de vezes, acho que estou sangrando, um corte na perna aparentemente, mas nem ligo o sangue é quente e a dor me lembra que estou vivo...

- Alias pensei ser a única coisa viva nessa droga de lugar, mas senti algo rastejar sobre meus pés, quase pego ela, não sei o que era, mas certamente seria devorada, cara que fome...

...

- Andei por muito tempo, e tudo que consegui foi me ferir, me cansar e me embrenhar mais ainda nessa floresta insana, não sei a quanto tempo estou aqui, e nem lembro quando foi que comecei a falar sozinho, mas acho que se parasse de ouvir minha voz seria difícil acreditar que não estou morto, ou talvez o silencio macabro desse lugar seja terrível demais para mim suportar...

- Não como, não durmo, não bebo nada a dias, pelo menos eu acho que são dias, é curioso como horas, dias ou minutos são iguais nesse maldito lugar, as vezes me pergunto como ainda estou vivo...

- Quer saber Fo#@-$e! Morrer seria muito fácil, covarde até, e covarde eu nunca fui, inconseqüente, egoísta e até imaturo, mas jamais covarde...

...

- Que vergonha Samuel! – meu pai sempre dizia isso quando eu o irritava, ele deve estar furioso com o que “eu” fiz com o filhinho do chefe. É ele sempre achou que o saco do chefe é o corrimão para o sucesso...

...

- Cada músculo do meu corpo dói, já não agüento andar, estou rastejando a dias nesse charco pútrido acho que é o fim da linha...

- Pêra aí, esse cheiro, não é a maldita putrefação de antes, não, é doce e agradável, não se assemelha a nada que tenha sentido antes...

- Como é bom sentir algo assim novamente, esse cheiro me lembra o perfume da Simone, ah que saudades da minha irmãzinha...

- Opa! O que é isso uma luz dourada, ela começou tênue e depois brilhou como um pequeno sol iluminando o lugar, demorou a meus olhos se adequarem aquilo, quando voltei a enxergar mal pude acreditar no que ví...

- Ela é linda, uma dama esbelta e radiante que traz consigo o sol e a esperança, seu belo corpo adornado por ramos, vinhas, flores e frutos que parecem brotar de sua pele. Ela veio a mim e sem dizer nada estendeu-me a mão, rejeitá-la não era opção, não ninguém faria isso, ela era perfeita e bela demais para isso, então eu estendi a mão devolta, mas não consegui toca-la...

- De repente senti uma forte pressão nas pernas, logo me dei conta de que vinhas, cipós e raízes se entrelaçavam em meu corpo, seus espinhos cravavam-me a pele...

- Argh! nã...não sei se a dor é maior que o prazer de ter encontrado alguém tão bela nesse inferno...

- De qualquer forma não vou agüentar muito tempo, acho que é o fim da linha para mim, se pelo menos estivesse com minha câmera, esse seria o final digno de um ótimo filme...

sábado, 21 de junho de 2008

(Dentro do carro de classe media alta Braddy acelera ao máximo em meio
as ruas vazias e as luzes da madrugada metropolitana)

Mas que #$%&#... E agora????? Eu preciso encher a cara....Esquecer
dessa porcaria toda... esquecer o coitado do cara... Ele eh passado...Ja
era....Eu sempre falei pra ele que ele precisava saber o que estava
fazendo... pisar em ovos....Tomar cuidado com quem conversava, mas
quem cutuca a onça....Ele forçou demais a barra.... Amanhã, assim que a
bebedeira passar esta na hora de começar vida nova, deixar isso tudo pra
traz e pensar que ainda existe uma vida pela frente e que os vencedores
são aqueles que se levantam e seguem a diante...Mas de momento O Frank sabe o que dizer...

(Braddy vira bruscamente a garrafa de Wisky, tomando o ultimo gole e a
abandona ja vazia no banco do passageiro, acelera ainda mais o carro e
liga Frank Sinatra no ultimo volume)

São Paulo, 10 de Junho de 2007

Local: Apartamento do Braddy

(O microondas apitou escandalosamente indicando que a comida recem saida do freezer estava pronta para consumo: PIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)

-Alguem uma vez disse que já que vc vai se meter em fazer alguma coisa, faça bem feito, ou então nem faça. Alguem tinha que dizer isso ao dono da fabrica de comida congelada.

...

-Aquilo vai estar uma porcaria, mas eu preciso ir, e torcer pra alguma coisa acontecer, alguma coisa boa ou ruim, qualquer coisa... A um ano a maré baixou e se não melhorar e eu voltar a ter meus bons rendimentos extras em breve, esse carro vai entrar na dança na troca por um mais barato.

...

(As luzes da cidade refletem em toda a sala de estar do apartamento de classe media alta o tom azulado que atravessa a janela; e braddy caminha ate a garrafa de wisky apos a refeição)

-Bom frank, aquilo vai estar um saco e eu ja estou ficando entediado, e quando as coisas estão um saco vc sempre sabe o que dizer.

(Play do Aparelho de Som é apertado e Frank Sinatra começa a tocar ao fundo juntamente os tilintares do gelo batendo no copo de wisky)

- As luzes dessa cidade parecem me alimentar. O som , o movimento, o barulho, os carros, o wisky, o Frank. Mas não consigo parar de pensar que alguma coisa podia acontecer pra movimentar aquele lugar. Não gosto do marasmo que esta reinando ultimamente naquela empresa. Tudo indicava que aquele seria mais daqueles eventos enfadonhos que mais se parecem com um velho dinossauro grande e gordo caminhando em direção ao abismo.

O que faltava descobrir eh que o abismo eh real e esta bem mais proximo do que se imagina.

E antes que eu me esqueça: SIM..... alguma coisa vai acontecer esta noite... Mas vc vai chorar, chorar por mais uma chance de se libertar de toda essa tristeza e implorar por mais uma oportunidade de escapar de toda essa loucura.....

Braddy

27 de setembro de 2007, horário desconhecido.

Tudo o que sei é que ninguém entrou em contato com a família. Não foi sequestro, ele provavelmente tá morto. Ele nunca bateu muito bem da cabeça. Deve ter feitos vários inimigos quando tocava a empresa do pai. E, você sabe, ne? Mexeu com grana, se fodeu.

o filho do Cortez? Duvido. É mais fácil o muleque ter visto alguma coisa e ter sido apagado junto. Os pais dele é que tão sofrendo. Perderam o emprego e, vira e mexe, alguém xingam eles. Chegaram a pixar a parede da casa deles. "Assassino". Como se os coitados tivessem culpa de algo.

Sim, sempre foram boa gente. É, mudaram de casa, mas eu não sei pra onde.
E se soubesse não ia te falar, não vou com a tua cara.

Depoimento coletado de um funcionário da Corretora de Valores Fellini.