domingo, 3 de agosto de 2008

Preludio Braddy

Nascido em nova york no bronks, cresceu entre a galera barra-pesada, passou a infancia sendo aviãozinho de traficantes ate na adolescencia arranjar emprego numa lanchonete que servia de fachada pra uma operação de lavagem de dinheiro e investimentos ilegais, aprendeu muito sobre operações financeiras e todo o tipo de tramas legais e ilegais sobre como fazer dinheiro, mas os riscos eram maiores do que as recompensas. E voltar a traficar nas ruas estava fora de cogitação; era necessario algo que desse rendimentos maiores, e uma vida mais tranquila, algo que alimentasse aquela sede daquele garotinho magricela que ficava na frente dos teatros chiques sentado na guia, vendos os carrões e ouvindo ao longe os finos concertos.

Com todo o conhecimento e contatos adquiridos era facil usar o mercado financeiro para usar a maquina a seu favor... Mas nem tudo são flores... e um dia o mesmo mercado que tanto favoreceu agiu contra...Talvez fosse mais facil não ser tão ganancioso, talvez fosse mais facil tentar não dar um passo maior que a perna... Queriam a sua cabeça numa bandeja.

Por um triz os peixes do fundo do rio não ganharam uma sobremesa extra. O fio da navalha passou perto. Mas os caras estavam na bota e ficariam atras, caçariam ate o fim... Foi necessario um alto investimento para sumir, para uma identidade nova, novos documentos, uma vida nova em outro outro lugar totalmente distante e inospito, o ultimo lugar onde os caras iriam atras de uma divida impagavel. Algo que ninguem disconfiaria, algo onde as pessoas o aceitassem e o valorizassem e não vissem o seu passado. Um lugar onde as leis fossem mais abertas e fosse permitido sumir no meio da multidão. Um lugar onde os prazeres da carne falassem mais alto do que cifras e dividas do passado. Depois de muito fugir pela terra do Tio Sam, num boteco de quinta categoria em Miami conheceu um jovem playboy que lhe fez uma proposta interessante.

No auge da bebedeira nos braços de uma prostituta porto-riquenha, conheceu Pietro, que lhe falou de uma Neverland, de um paraiso chamado Brasil onde todos os problemas se resolvem. Envolto em tequilas do puteiro mexicano e das prostitutas porto-riquenhas foi facil se tornarem grandes amigos e seguindo o conselho do poeta que uma vez disse que quem naum tem nada naum tem nada a perder, era hora de deixar a vida para tras, e começar de novo, era hora de esquecer tudo o que houve no passado e levar na bagagem para a terra das mulatas e do samba o novo amigo, uma vida totalmente nova e a lição de que da proxima vez a ganancia deve se limitar ao tamanho dos passos que a perna é capaz de dar.

sábado, 2 de agosto de 2008

Saul Kobayashi Viana


Eu e meu irmão crescemos no circo.

“Os gêmeos acrobatas”, era como nos chamavam. Todos apreciavam nosso show, tínhamos um sicronismo perfeito eu e Davi. Alguns dizem que um podia saber o que o outro pensava; e nós adquirimos a habilidade de terminar a fala que o outro começava. Nós faziamos um numero na corda bamba, a adrenalina de cada movimento fica registrada na memória sabe? Crescemos assim, nesse mundo mágico do circo, cheio de mistérios, glamour e discórdia.

Mamãe era contorcionista, uma oriental linda, com cabelos compridos, lisos e pretos. Ela estava sempre a cantarolar músicas tristes, mas tão bonitas… Seu nome era Clara, mas no circo virou Clarinha. Mamãe só era Clara em casa; era assim que papai a chamava e ela sempre lhe atendia com um sorriso.

Papai era um homem forte e austero, um tanto reservado, mas de bom coração. Não gostava de jogar conversa fora com os outros circenses,, mas tratava a todos com muito respeito. Domador de feras com excelência, papai se entendia com os animais, não sei dizer bem… Era assim com seu Rubens, me parece que eles se comunicavam de verdade, ele dava uma ordem a um de seus animais e este obedecia… Isso sempre me encantou, mas as crianças se encantam com tudo.

Então nós crescemos, o tempo nos mostrou que a magia do circo não era tão apreciada como antigamente. E eu não queria mais fazer parte daque mundo; ele se tornara pequeno demais para mim. Discuti com meus pais quando tinha dezessete anos, eu queria ter um emprego normal, uma casa normal, com uma vida normal.

E tive.

Comecei a trabalhar como office-boy num escritório pequeno, e as coisas mudaram na minha vidaTerminei os estudos e fiz alguns cursos, arrumei minha casa, fiz inimigos, conhci gente nova, amores a amigos e estava feliz com minhas escolhas.

Um dia a família veio me visitar. Estavam indo para o interior, mas antes de partir trouxeram a mim uma carta, Eles receberam um convite para uma festa de um antigo conhecido. Mamãe pediu para que eu representasse minha família na bodas de ouro do senhor Fellini. Eu lembrava vagamente de “seu Augusto”, como era chamado pelos anões do circo, era um senhor endinheirado que, quando ia ao circo, gostava de mostrar os bastidores ao filho pequeno. Eu arriscaria dizer que tinhamos a mesma idade, nós e o garoto. Não sei bem qual era a relação do dono do circo com aquele senhor, tampouco as de minha família para com ele, mas mamãe estava ali em casa, pedindo para que eu fosse a uma festa de luxo, e é claro que aceitei…